quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Pobres, mas pouco...

E está prestes a acabar mais uma época natalícia! Uma época de descomedimentos, não só nas comidas, coisa que depressa começamos a notar quando passamos para o buraco seguinte do cinto, mas também excessos em todo o mercado que se alimenta com este evento. Os intervalos para anúncios comerciais triplicam em tamanho e frequência, chovem panfletos nas caixas de correio, cartazes enormes ladeiam as ruas das cidades, promoções natalícias em todo o lado, e entidades de crédito dão mais e mais “benefícios” para pagamento. Começam as corridas aos centros comerciais, e os gastos desenfreados!

Mas depois nos noticiários fala-se da “crise”. Os lojistas queixam-se que não vendem, só que se repararmos não é uma crise bem distribuída, porque ultimamente as lojas que têm vindo a ter um maior volume de vendas nestas épocas festivas, são mesmo as lojas que vendem produtos a preços exorbitantes, enquanto que as restantes lojas se queixam que os seus produtos estão a ter pouca saída. E posteriormente apresentam-se as médias de consumo dos portugueses nesta época. Uns “meros” 995€ por segundo gastos nesta época (vejam a
notícia). Estamos mesmo pobres, não acham? Porque será isto? Bem… Se pensarmos, acho que todos acabamos por chegar à mesma conclusão! Afinal não estamos a ficar mais pobres, mas sim cada vez mais ricos!

A nossa sociedade cada vez mais vive das aparências, e apesar de sermos dos países da UE com salários mais baixos e com maiores custos de vida, vemos que cada vez mais pessoas se pavoneiam com grandes carros, roupas de marca, os últimos aparelhos tecnológicos, enfim, tudo do bom e do melhor! Eu por acaso tenho pensado em comprar um Porsche! É que é tão fácil! Basta-me fazer meia dúzia de créditos por telefone, e já está! Acho que também vou comprar uma vivenda na Foz do Douro… Mais uns créditos… Afinal de contas, o meu amigo Anacleto acabou de mudar de casa e comprar um carro novo, e eu não posso ficar atrás! E custa pouco pagar tudo isto e arranjar o dinheiro! É só pegar no telefone, e em apenas 24h consigo tudo!!! Grandes plasmas na sala, um telemóvel de última geração (que afinal de contas só uso para fazer e receber chamadas), férias nos locais mais exóticos, casas com piscina e nos locais mais “in”… Apesar de não podermos pagar nada disto, temos de mostrar a toda a gente que “somos bons”, e para isso só as aparências contam. E quando chega a altura de dar as prendas de Natal fazemos o mesmo. Não queremos ser os “forretas” que apenas deram um par de meias, mas temos de ser os “fixes” que deram uma Playstation 3.

Pensem um pouco antes de hipotecarem a vossa vida. Mais cedo ou mais tarde vão ter de pagar o crédito que acabaram de fazer! Para quê o viver das aparências se mais tarde ou mais cedo os bens materiais acabam por se perder, e o crédito continua lá para pagar?

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